Etapas para a identificação de implantes e suas conexões protéticas – orientações aos profissionais.

Ricardo Alexandre Zavanelli matéria da semana 30-01-2023

Etapas para a identificação de implantes e suas conexões protéticas – orientações aos profissionais.

Uma das etapas mais importantes do tratamento com os implantes osseointegrados é a reabilitação de nossos pacientes sobre os implantes instalados com as próteses sobre os implantes. No entanto, muitas vezes, o profissional acaba recebendo e atendendo casos em que os pacientes já realizaram o procedimento cirúrgico e a parte protética será confeccionada por outro profissional diferente do que realizou o planejamento inicial.

E nesse momento, alguns problemas podem ocorrer por falta de documentação adequada do implante instalado, quer seja pela ausência de informações da etiqueta do implante ou pela falta de comunicação com o profissional que executou a cirurgia, dificultando assim, a identificação correta da conexão protética existente e complicando a vida do reabilitador.

Dessa forma, a matéria desta semana visa prover informações relevantes aos colegas que irão executar a parte protética, para identificar de forma correta a conexão protética com o objetivo de facilitar a compra dos componentes a serem utilizados e, assim, realizar a prótese com maior segurança e longevidade para os nossos pacientes.

Algumas etapas serão sugeridas e seguem descritas abaixo, para que se identifique o implante e a respectiva conexão protética, que basicamente se divide em três: Hexágono Externo ou HE; Hexágono Interno ou HI, e Cone Morse ou CM.

1- Realizar uma radiografia, de preferência uma radiografia periapical bem centralizada e sem distorções. Caso tenha algum componente como cover screw ou cicatrizador, é interessante que se remova o componente e que se radiografe também. Assim como na presença de alguma prótese ou provisório, é interessante removê-los e realizar uma periapical sem esses componentes, como forma de analisar corretamente toda a extensão do implante, suas características externas e internas em relação à macrogeometria da rosca, formato do ápice e da porção coronária do implante, formato cônico ou cilíndrico do implante, formato interno da conexão e demais informações relevantes que o profissional julgar necessárias, conforme figuras 1A e 1B.

Figuras 1A e 1B: em 1A, notam-se as três principais conexões protéticas de HE, HI e CM da Implacil De Bortoli. Em 2B, temos as mesmas três conexões protéticas sob a visão da radiografia, onde podemos observar os contornos externos e internos dos implantes.

2- Realizar uma fotografia clínica da plataforma ou cabeça do implante; assim como realizar uma fotografia do componente protético instalado e também fora da posição do implante, conforme figuras 2A e 2B.

Figuras 2A e 2B: imagens representativas de três implantes de diferentes conexões protéticas, sendo HE, HI e CM (esquerda para direita). Em 2A, podemos observar os parafusos de cobertura ou cover screw conectados aos implantes. Em 2B, notam-se os mesmos componentes fora da posição, o que pode facilitar a identificação da respectiva conexão e plataforma protética.

3- Realizar uma medição do parafuso existente com o auxílio de um paquímetro e também, se for possível, da cabeça ou espelho do implante.

Figuras 3A e 3B: essa medição, somada às outras informações, trará benefícios para a correta identificação dos componentes. Em 3A, temos a medição com o auxílio do paquímetro das dimensões do cover screw, que neste caso foi referente à conexão de HE da Implacil De Bortoli, com 1.8 mm de diâmetro. Se for possível, uma medição da cabeça ou espelho do implante trará mais informações que irão ajudar na identificação da conexão protética. Neste caso da imagem 3B, a cabeça do HE apresentou 2.4 mm de diâmetro.

4- Realizar uma moldagem da parte interna do implante. Esse procedimento poderá trazer informações valiosas sobre o desenho da porção interna da conexão protética. É obtido facilmente através da inserção de material fluído no interior do implante e da inserção de uma cunha de madeira para dar resistência estrutural ao conjunto obtido, para poder encaminhar à fábrica para nos auxiliar com a identificação, conforme as imagens 4A e 4B abaixo.

Figuras 4A e 4B: na imagem A, observamos a cópia realizada do interior do implante. Na imagem B, notamos lado a lado o componente real instalado e sua cópia em material de moldagem. Desse forma, poderemos enviar aos fabricantes essas informações para a compra e confecção adequada dos components e assim, realizar a prótese sobre implante de maneira eficaz.

Seguindo esses principais passos listados acima, poderemos encontrar as principais empresas de implantes e comprar os componentes de forma efetiva.

As principais conexões protéticas do mercado nacional e internacional são:

– Hexágono Externo – HE;
– Hexágono Interno – HI;
– Cone Morse – CM.

No entanto, há outros tipos de conexões disponíveis, como o “locking taper” (LT), cuja porção interna do implante não tem roscas para receber um eventual parafuso, sendo que a prótese entrará de forma “batida”. Alguns exemplos desse tipo de conexão protética são as empresas Bicon, Kopp, Arcsys etc.

Lembre-se também que há conexões cônicas que não são exatamente um Cone Morse completo, sendo tricanais internos ou lóbulos internos. Vale lembrar também que na conexão de HE, normalmente, existem três plataformas diferentes (estreita / regular / larga); na conexão HI, normalmente, existe apenas uma plataforma, a regular; e na conexão cônica de CM, a embocadura ou bitola tem um diâmetro de 2.5 mm, uma extensão de cone de 3.5 mm e um ângulo de 11.5 graus, oriundos da conexão cônica da empresa Ankylos e que derivam as principais empresas nacionais de implantes, como a Implacil De Bortoli.

Dentro das conexões cônicas também existe a oriunda da empresa Straumann, referentes aos implantes Tissue Level Standard e Standard Plus, Tissue Level Xtra, implantes Bone Level e Bone Level Tapperd. Existem ainda as conexões cônicas baseadas na empresa Astratech, que deram origem a algumas outras empresas nacionais.

É evidente que essas diferentes conexões têm características diferentes, cada uma delas tem suas particularidades e todas funcionam muito bem. Algumas são superiores em relação à outras, apresentando mais ou menos estabilidade mecânica, menos gap, tendência a perder menos osso, mas isso ficará a cargo da decisão clínica de cada profissional.

Por fim, vale ressaltar também que há sites na internet que ajudam os profissionais a identificarem essas plataformas e conexões, porém são sites pagos. Outra forma que tem auxiliado os profissionais são os grupos de mensagens, como o do Leonardo Pisano (Implacil De Bortoli) no Telegram, que pode ser acessado aravés do link https://t.me/queimplanteeesse.

REFERÊNCIAS
1- Zavanelli RA, Magalhães JB, Cardoso LC, Zavanelli AC. Sistemas de retenção para sobredentadura implanto retida: discussão e aplicação clínica. Prosthesis Laboratory in Science. 2011; 1(14-21).

2- Zavanelli RA, Guilherme AS, Melo M, Henriques GEP, Mesquita MF. Sobredentadura dento-retida: relato de caso. Robrac. 2003; 12 (60-65).

3- Zavanelli RA, Zavanelli AC, Santos LAS, Critérios para a seleção do sistema de retenção na reabilitação protética sobre implantes: prótese cimentada x parafusada. Arch Health Invest (2017) 6(12):586-592