Fluxo Digital no restabelecimento da estética e função com prótese fixa sobre implante

Matéria da Semana

Fluxo Digital no restabelecimento da estética e função com prótese fixa sobre implante

Autores

Daniel Afonso Hiramatsu
Mestre em Reabilitação Oral pela Universidade de São Paulo e coordenador da Especialização em Prótese Dentária da Faculdade São Leopoldo Mandic.

Emily Vivianne Freitas da Silva
Doutora em Prótese Dentária pela Universidade Estadual Paulista e professora da Especialização em Prótese Dentária da Faculdade São Leopoldo Mandic.

Reabilitações protéticas implantossuportadas fixas em pacientes com exposição gengival excessiva são desafiadoras, especialmente quando associadas à irregularidade no nível ósseo alveolar (Bidra et al., 2012). Adicionalmente, os pacientes geralmente possuem alta expectativa quanto ao resultado final, sendo fundamental uma adequada interação da equipe odontológica e um planejamento criterioso do caso (Handelsman, 2006).

Durante o planejamento do caso, o profissional deve estar atendo a uma análise sequencial de cinco níveis de estética: facial, orofacial, oral, dento gengival e dental. Portanto, inicialmente, uma análise extra oral deve avaliar a estética da face, relacionamento maxilo-mandibular, posicionamento dos lábios e linha média dentária. Posteriormente, o profissional deve partir para uma avaliação intraoral, considerando a relação entre gengiva e dentes, cor e formato dos dentes, dentre outros (Ahmed et al., 2021).

No caso clínico relatado a seguir, é apresentada a reabilitação de uma paciente do gênero feminino, de 45 anos, com o desejo de melhorar o aspecto do seu sorriso. Durante o exame clínico inicial, foi verificada a presença de exposição gengival maxilar excessiva durante o sorriso espontâneo, associada à desalinhamento dentário e presença de restaurações extensas e insatisfatórias nos dentes anterossuperiores (Figuras 1 e 2), além de mobilidade dos dentes 15 ao 25. Ao exame radiográfico, foi observada extensa perda óssea periodontal, além de lesões de cárie/perda de estrutura coronária nos dentes 13 a 23, 15, 24 e 25 (Figura 3), sendo indicada a exodontia desses elementos, seguida da instalação de implantes osseointegráveis.

Figura 1. Aspecto extra oral inicial do sorriso com a presença de exposição gengival maxilar excessiva, dentes com posicionamento insatisfatório e restaurações extensas com infiltração.
Figura 2. Aspecto intraoral inicial do sorriso, onde é possível observar manchamento dentário, restaurações extensas insatisfatórias e acúmulo de cálculo dentário.
Figura 3. Radiografia panorâmica inicial com perda óssea periodontal e presença de lesões de cárie/perda de estrutura coronária nos dentes 13 a 23, 15, 24 e 25.

Após o planejamento integrado cirúrgico-protético do caso, foram realizadas exodontias dos elementos 13 a 23, 15, 24 e 25, sendo imediatamente instalados seis implantes Implacil Due Cone com 11 mm de comprimento e 3.5 mm de diâmetro (Implacil De Bortoli), com precisão no posicionamento tridimensional do implante. Visando o condicionamento gengival e a formação de um perfil de emergência adequado, após a instalação de mini pilares Implacil com cinta de 4.5 mm, foi instalada uma prótese fixa provisória imediata (Figura 4). Após dois meses, uma radiografia panorâmica foi realizada para verificar a osseointegração dos implantes (Figura 5), visando o início da reabilitação protética definitiva.

Figura 4. Prótese fixa provisória imediata instalada, visando o condicionamento gengival.
Figura 5. Radiografia panorâmica final, dois meses após a instalação de seis implantes nas regiões do 16, 13, 11, 21, 23 e 25.

Para a reabilitação protética definitiva, após a remoção da prótese provisória (Figura 6), foi realizado o escaneamento do rebordo maxilar e da posição dos implantes utilizando o scanner 3Shape (3Shape). Após o posicionamento dos scan bodies da 3Shape, foi realizado o escaneamento do rebordo. Em seguida, procedeu-se o escaneamento do arco maxilar com a prótese provisória em posição e do arco antagonista com a prótese parcial removível da paciente em posição (Figura 7).

Figura 6. Aspecto intraoral da posição dos mini pilares de cinta baixa após a remoção da  prótese provisória, visando ilustrar a adequação do perfil de emergência da prótese e condicionamento do contorno gengival.
Figura 7. a) Posicionamento scan bodies para b) escaneamento maxilar da posição dos implantes. c) Escaneamento maxilar com a prótese provisória instalada sobre os implantes. d) Escaneamento mandibular com a prótese parcial removível em posição. e) Registro do relacionamento maxilomandibular.

Após o escaneamento do rebordo e planejamento virtual do caso, foi realizada a fresagem de uma infraestrutura metálica da prótese fixa e prova visando avaliar o assentamento passivo da mesma (Figura 8). Então, foi realizado o registro de mordida com resina acrílica de baixa contração (Duralay) (Figura 9).

Figura 8. Prova da infraestrutura metálica da prótese fixa, sendo verificado assentamento passivo.
Figura 9. Registro de mordida realizado com resina acrílica de baixa contração.

A aplicação da porcelana foi realizada e a prótese instalada. A Figura 10 ilustra o aspecto final da prótese. A Figura 11 apresenta o aspecto clínico final.

Figura 10. Aspecto final da prótese.
Figura 11. Aspecto clínico final, onde é possível verificar assentamento passivo da peça, cor e polimento superficial adequados e contorno gengival satisfatório.

Diante de uma condição desafiadora de exposição gengival excessiva, foi possível restabelecer a estética e a função de forma satisfatória com uma reabilitação implantossuportada, visando devolver a autoestima e conforto social para a paciente. Após o acompanhamento de seis meses, a paciente relata estar satisfeita com a reabilitação e com o resultado alcançado.

REFERÊNCIAS
Ahmed WM, Alalola B, Alsaloum M, Verhaeghe T, Andrew J, Abdallah MN. 3D Prosthodontic Treatment Planning for Orthodontic Patients: Interdisciplinary Approach. In: Retrouvey JM., Abdallah MN. (eds) 3D Diagnosis and Treatment Planning in Orthodontics.

Springer, Cham. 2021. doi: 10.1007/978-3-030-57223-5_13.

Bidra AS, Agar JR, Parel SM. Management of patients with excessive gingival display for maxillary complete arch fixed implant-supported prostheses. J Prosthet Dent; 2012;108(5):324-31. doi: 10.1016/S0022-3913(12)60186-3.

Handelsman M. Surgical guidelines for dental implant placement. Br Dent J; 2006;201(3):139-52. doi: 10.1038/sj.bdj.4813947.




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