Mandíbula posterior
Mandíbula posterior – Particularidades e dificuldades na reabilitação com implantes
Paulo Cesar da Cruz – Graduado em Odontologia pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC); Especialista em Implantodontia pela Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas (APCD – São Bernardo do Campo); Professor do Curso Implantodontia (Fundecto-USP); Professor do Curso Especialização Implantodontia Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas (APCD – São Bernardo do Campo); Professor do Curso Implantodontia Colégio dos Odontólogos de Lima (Peru) e Professor Coordenador Curso Especialização Implantodontia Funorte-Soebras (Rio de Janeiro).
A região posterior da mandíbula ainda é, nos dias de hoje, um desafio para reabilitação com implantes osseointegrados. O principal fator para este desafio é, sem dúvida, a pouca quantidade de osso, principalmente em altura, para a instalação dos implantes. Outros fatores que devem ser considerados são: osso muitas vezes muito corticalizado, dificuldade de abertura da boca por parte dos pacientes, difícil visualização da área cirúrgica e da marcação das fresas, e frequentemente pouca gengiva inserida na região, aliada à uma inserção muscular muitas vezes na altura do rebordo, favorecendo desta maneira a abertura da sutura e consequente exposição óssea e dos implantes.
O conhecimento anatômico detalhado da região e avaliação criteriosa da quantidade óssea sobre o canal dentário inferior são de grande importância para que possamos ter êxito nos nossos procedimentos. A avaliação da quantidade óssea pode ser feita de uma maneira bastante precisa valendo-se das Radiografias Panorâmicas e principalmente das Tomografias Volumétricas (cone-bean).
Procurando compensar o pouco volume ósseo devemos sempre instalar o maior número possível de implantes. Outro fator que devemos considerar é o diâmetro dos implantes sempre utilizando o de maior diâmetro possível, desde que tenhamos osso suficiente para recobrir toda a sua superfície. Aspecto não menos importante é o tratamento de superfície dos implantes, pois há no mercado diversos tipos de tratamento, podendo variar bastante o BIC (contato ossoimplante).
Principalmente por se utilizar bastante implantes curtos nesta região em particular, esse detalhe é de suma importância. Já temos hoje no mercado implantes que alcançam BIC acima de 90%, portanto fundamentais para que tenhamos sucesso em mandíbula posterior.
Lesões ao complexo vasculo-nervoso do alveolar inferior não são raras, trazendo grande incômodo aos pacientes e preocupação aos profissionais. Para se evitar este acidente o ideal é trabalhar com fresas que tenham “stop” nas medidas pré definidas pelo planejamento cirúrgico.
O uso de guias cirúrgicos ajuda bastante no posicionamento vestibulo-lingual e mesio-distal ideal, fator muito importante na estética da prótese e principalmente na distribuição de cargas quando esta entrar em função.
Devemos estar atentos à todos os detalhes comentados anteriormente, pois a quantidade de implantes colocados em mandíbula posterior é bastante significativa.
Foi feito um levantamento sobre a porcentagem de implantes instalados em mandíbula posterior no curso de atualização em implantes dentários na Fundecto-USP , curso coordenado pelo Prof. Dr. Nilton De Bortoli Jr, durante os anos de 2007/2008/2009/2010/2011.O número total foi 6998 implantes instalados.O número em mandíbula posterior foi 3491, chegando a uma porcentagem de 49,88%, praticamente a metade dos implantes instalados.Como este trabalho foi feito em cima de números bastante expressivos há de se concluir que nos nossos consultórios particulares a situação deve ser bem parecida, portanto devemos estar atentos para essa região(mandíbula posterior) em particular evitando futuros problemas e dissabores.
No próximo artigo serão abordadas as diversas alternativas cirúrgicas para contornar o problema da pouca estrutura óssea em mandibula posterior.
REFERENCIAS
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