O material restaurador influencia na carga transmitida ao osso em próteses sobre implante?

Matéria da semana - 16-10-23 - Alfredo Mikail

O material restaurador influencia na carga transmitida ao osso em próteses sobre implante?

Por Rafael Martins1, Tayna Silva de Castro2, Luciano Lauria Dib3, Sergio Alexandre Gherke4 e Alfredo Mikail Melo Mesquita5

Nos dentes naturais, o periodonto transmite ao osso as forças aplicadas sobre os dentes ao longo de toda a superfície radicular1.Por outro lado, nas próteses implantossuportadas, as cargas mastigatórias são transmitidas diretamente ao osso e ficam concentradas na crista do rebordo2.

Há a sugestão de que a ausência do ligamento periodontal ao redor dos implantes e consequentemente a menor movimentação possam ser fatores que indiquem que os implantes são menos toleráveis a cargas oclusais que os dentes naturais3.

A transferência de carga na interface osso-implante depende, entre outros fatores, do tipo de carga, quantidade e qualidade do tecido ósseo, geometria do implante, posição, número e disposição linear dos implantes, tamanho da superfície oclusal, interfaces protéticas, hábitos oclusais parafuncionais, força de mordida, estabilidade mecânica primária e tipo de retenção protética.

Diante desse cenário, ressalta-se que a intenção deste trabalho foi avaliar a influência do material restaurador na transmissão de cargas ao osso alveolar peri-implantar, utilizando diferentes combinações restauradoras que simulam inclusive o conceito biomimético.

O objetivo do trabalho abaixo foi avaliar, por meio da extensometria, a carga transmitida ao osso peri-implantar, diante de sete diferentes materiais restauradores em reabilitações unitárias com implantes Cone Morse. Em um bloco de poliuretano, que simulou osso tipo III, foi instalado um implante de plataforma Cone Morse de 3,5 x 11 mm no centro e 1 mm abaixo da superfície da base de prova, e instalados, ao redor do implante, quatro extensômetros.

Foram confeccionadas sete coroas semelhantes entre si, simulando um pré-molar inferior em diferentes materiais, sendo: 1- PMMA; 2- cerâmica de vidro em matriz de resina; 3- PEEK + dissilicato de lítio; 4- Metalo-cerâmica; 5- Dissilicato de lítio; 6 – Zircônia + feldspática; 7- Zircônia monolítica. Todos os grupos foram submetidos a cargas axiais e oblíquas (45 graus) sob 150N em uma máquina de ensaio universal.

Foram realizadas cinco medições com cada material e, em cada tipo de carga, os dados obtidos em microdeformação foram submetidos a análises estatísticas. Após a confirmação da normalidade dos dados pelo teste de Shapiro-Wilk, foram realizados o teste Anova, com o post hoc de Tukey para a comparação entre os sete materiais distintos, e o teste T de Student para a comparação entre as cargas axial e 45 graus. O nível de significância foi estabelecido em p ≤ 0,05.

Não houve diferença estatística significativa na avaliação entre os materiais, tanto na carga axial como na carga oblíqua à 45 graus. Na comparação entre carga axial e carga obliqua, houve, por sua vez, diferença para todos os materiais. O material restaurador não influenciou na carga transmitida ao osso. Ademais, observa-se que a carga transmitida ao osso é maior quando ocorre de maneira oblíqua 45 graus, independentemente do material.

Para ler o artigo na íntegra publicado na MDPI, clique aqui.

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