Pilar Base T: o grande aliado do nosso fluxo digital

Matéria da semana 05-02-24 - Ricardo Zavanelli

Pilar Base T: o grande aliado do nosso fluxo digital

Por Ricardo Zavanelli

A finalização dos casos de prótese sobre implantes passa necessariamente pela escolha de um pilar intermediário entre o implante e a prótese (coroa), e muitas vezes o profissional fica na dúvida sobre como proceder em relação à sua escolha, indicações e técnicas de uso e principalmente quanto ao passo a passo clínico e laboratorial desses componentes.

Sendo assim, este artigo visa dar subsídios aos profissionais quanto a essa seleção e destacar a versatilidade do componente Base T da Implacil De Bortoli.

Conceitualmente falando, temos que um pilar intermediário é o componente utilizado para fazer a ligação entre o implante e a prótese/coroa, representando de forma análoga o núcleo de uma prótese fixa convencional.

Figura 1 – Esquema representativo dos componentes de uma prótese sobre implante (PSI). Em 1A, temos os componentes separados e em 1B, temos os conjuntos conectados e integrados.

Os pilares podem ser chamados de pilares intermediários, apenas pilares ou apenas intermediários, munhão, “abutment” e transmucoso, e qualquer um dos nomes acima são sinônimos e dizem respeito ao mesmo componente.

É evidente que cada pilar tem um nome próprio que o caracteriza, assim como temos o nome de pilar Base T, que são pilares intermediários pré-fabricados indicados para prótese sobre implantes (PSI) unitárias.

Indicações dos pilares do tipo Base T

São pilares personalizados ou customizados e confeccionados pela tecnologia CAD/CAM (CAD ou Computer Aided Design = desenho / CAM ou Computer Aided Machined = fresagem). Ou seja, são desenhados em programa / software específico (normalmente em programa CEREC ou Exocad) e em seguida fresados em material cerâmico, normalmente uma zircônia, e cimentados sobre a área do pilar Base T.

Assim, os pilares Base T recebem essa infraestrutura de zircônia, deixando-os com uma coloração branca (Figuras 2 e 3), diferente dos pilares pré-fabricados, que são metálicos e acinzentados, podendo por transparência e em casos de mucosa peri-implantar delgada transparecer essa cor e causar efeito antiestético.

Figura 2 – Em A, da esquerda para a direita, temos o implante Cone Morse Maestro, pilar Base T, infraestrutura de zircônia e coroa protética. Em B, temos o pilar Base T conectado ao implante, estrutura de zircônia a ser cimentada sobre o pilar Base T e coroa protética a ser cimentada sobre a infraestrutura de zircônia.
Figura 3 – Em A, temos a estrutura de zircônia cimentada no pilar Base T e em B, temos a coroa cimentada sobre a estrutura de zircônia.

Conceitualmente temos que os pilares do tipo Base T são componentes pré-fabricados, ou seja, com adaptação perfeita junto aos implantes já vinda de fábrica e difere do pilar do tipo UCLA pelo fato de ser comprado sem a necessidade de procedimento extra de enceramento e fundição ou sobrefundição para sua obtenção (Moreno et al., 2023).

Os pilares do tipo Base T são bastante versáteis, podendo ser utilizados em casos de prótese unitária cimentadas ou parafusadas, observando que o pilar Base T sempre será parafusado e a prótese sobre o pilar Base T é que poderá ser cimentada sobre uma infraestrutura personalizada em zircônia ou ser cimentada sobre o pilar Base T e depois ser parafusada no implante.

Essa descrição pormenorizada foi relatada por Moreno et al., em 2023, em seu artigo de revisão sistemática, que discorreu sobre a versatilidade deste pilar principalmente indicado nos casos de fluxo digital, mas que também pode ser utilizado em situações de:

– casos unitários anteriores ou posteriores;

– casos com uso de tecnologia CAD/CAM;

– casos estéticos, cuja personalização irá favorecer a estética dos casos anteriores;

– espaço interoclusal restrito para uso de pilares pré-fabricados, onde não é possível seu reajuste;

– modelo de negócio com a diminuição de componentes, facilitando o entendimento da equipe, concentrando em apenas dois componentes protéticos (Mini cônico para próteses múltiplas e pilar Base T para casos unitários);

– equalização de substratos em casos complexos.

Lembrando que a Implacil De Bortoli disponibiliza os pilares Base T para os implantes de conexão HE, HI e CM.

Abaixo, temos um quadro comparativo das principais diferenças e similaridades entre o pilar UCLA e o pilar Base T, conforme Figura 4:

 Figura 4 – Em A, temos a imagem ilustrativa do pilar UCLA – base de Co-Cr para implantes Cone Morse com indexador. Em B, temos imagem ilustrativa do pilar Base T para implantes Cone Morse com indexador.
Pilar UCLA Pilar Base T

– Componente existente para as conexões HE, HI e CM da Implacil De Bortoli;

– PSI feita direto na cabeça do implante;

– Componente calcinável – requer fundição

– Passível de falhas de fundição;

– Permite PSI cimentada ou parafusada;

– Pode-se moldar o implante de forma analógica ou digital com “scanbody” do implante e análogo híbrido do implante, desde que não se esqueça do componente com indexador;

– Custo do pilar mais o processo de fundição.

– Componente existente para as conexões HE, HI e CM da Implacil De Bortoli;

– PSI feita sobre o pilar Base T;

– Componente usinado – não requer fundição;

– Não passível de falhas de fundição;

– Permite PSI cimentada ou parafusada;

– Pode-se moldar o pilar Base T instalado no implante ou até mesmo moldar o implante de forma analógica ou digital com “scanbody” do pilar ou do implante;

– Custo do pilar mais o processo CAD/CAM.

A partir das características descritas acima sobre os pilares UCLA e Base T, vamos ilustrar uma sequência clínica e laboratorial para o uso dos pilares do tipo Base T, lembrando que podemos utilizar nas conexões de HE, HI e CM disponibilizadas pela empresa e de acordo com a preferência de cada profissional:

Figura 5 – Remoção do cicatrizador com chave 1.17 mm.
Figura 6 – Aspecto da plataforma do implante de conexão CM e do cicatrizador removido com a chave 1.17 mm.
Figura 7 – O profissional pode optar pela confecção de uma coroa provisória direto sobre o implante colocando-se um pilar metálico de provisório, como ilustrado na imagem – isso para conformação do perfil de emergência.
Figura 8 – Na sequência, temos a colocação do transferente de moldagem ou transfer analógico direto no implante, conforme ilustrado na imagem – um transfer indicado para moldeira aberta e moldagem de arrasto.
Figura 9 – Caso seja da preferência do profissional, poderá ser usado um transfer analógico de moldeira fechada e moldagem de reposição instalado direto na cabeça do implante.
Figura 10 – O profissional também pode optar pelo fluxo digital realizando a moldagem digital, também conhecida como escaneamento, e usar o transfer do implante digital.
Figura 11 –  Imagem ilustrativa e resumida das possibilidades de moldagem do implante CM de forma analógica com os transfers de moldeira aberta, fechada e até mesmo de forma digital, com o transfer de escaneamento e seu respectivo análogo D/G – híbrido (modelo impresso no digital = D; ou modelo de gesso = G).
Figura 12 – Caso seja da preferência do profissional, pode-se instalar o pilar Base T, torquear com 20Ncm e colocar um transfer digital sobre o pilar Base T. Nesse caso, é importante o profissional alertar o laboratório sobre esse fato.

A partir da moldagem realizada de forma analógica ou digital por meio do escaneamento, o profissional dará seguimento ao caso enviando o molde ou modelo ao laboratório de prótese dentária, para que seja confeccionado o modelo de gesso com o análogo do implante ou o arquivo STL, desenho e impressão para colocação do análogo híbrido do implante encaixando-se o análogo sobre o modelo impresso.

Observem abaixo uma sequência de imagens de escaneamento do implante Maestro CM para uso do pilar Base T:

Figura 13 – Em A, nota-se a tela inicial do programa de escaneamento. Em B, nota-se o arco superior já escaneado sem a presença do scancorp.
Figura 14 – Em A, nota-se o escaneamento do scancorp já incorporado no arquivo. Em B, temos o escaneamento do arco inferior que servirá de arco antagonista.
Figura 15 – Em A, nota-se a tela com os arcos superior e inferior prontos para o registro maxilomandibular. Em B, temos o registro realizado.
Figura 16 – Em A e B notamos os arquivos escaneados e prontos para serem exportados em formato STL (incolor) ou no formato PLY (colorido).
Figura 17 – Em A e B notamos as telas de exportação do arquivo STL e PLY prontos para serem enviados ao laboratório de prótese dentária que irá trabalhar os arquivos recebidos em programa/softwares específicos, como Exocad, para desenho das futuras estruturas da PSI.
Figura 18 – Em A, nota-se a tela inicial do programa – software Exocad realizando o desenho do futuro dente. Em B, nota-se o dente já desenhado e pronto para ser enviado à máquina de fresagem – fresadora, neste caso, sendo a zircônia como material de eleição.
Figura 19 – Em A, nota-se uma imagem ilustrativa do implante CM, do pilar Base T, com o respectivo de fixação. Em B, temos o pilar Base T instalado no implante, a infraestrutura de zircônia personalizada que será cimentada sobre a área do Base T, mais a coroa que será cimentada sobre a infraestrutura personalizada de zircônia.
Figura 20 – Em A, nota-se uma imagem ilustrativa do pilar Base T instalado no implante. Em B, temos a infraestrutura de zircônia adaptada sobre o pilar Base T.
Figura 21 – Em A, nota-se uma imagem ilustrativa da infraestrutura de zircônia já cimentada sobre o pilar Base T e o pilar sendo parafusado sobre o implante. Em B, temos a coroa já cimentada sobre a infraestrutura personalizada de zircônia.
Figura 22 – Em A, nota-se uma imagem ilustrativa de uma coroa sendo parafusada no implante. Em B, note que essa coroa foi inicialmente cimentada sobre o pilar Base T.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1- Bernauer AS, Zitzmann NU, Joda T. The Complete Digital Workflow in Fixed Prosthodontics Updated: A Systematic Review. Healthcare, 11 (679): 1-15, 2023.

2- Lewis SG, Beumer J3rd, Hornburg W, Moy P. The UCLA abutment. Int J Oral Maxillofac Implants 1988; 3:183-9.

3- Lewis SG, Llamas D, Avera S. The UCLA abutment: a four-year review. Journal Prosthetic Dent 1992; 67(4):509-15.

4- Moreno ALM, Santos MD, Bertoz APM, Goiato MC. Abutment on Titanium-Base Hybrid Implant: A Literature Review. Eur J Dent. 2023 May; 17(2): 261–269.

5- Thobity AMAl, Titanium Base Abutments in Implant Prosthodontics: A Literature Review. European Journal of Dentistry 16(S 06) Nov 2021.

6- Zavanelli RA, Magalhães JB, Cardoso LC, Zavanelli AC. Sistemas de retenção para sobredentadura implanto retida: discussão e aplicação clínica. Prosthesis Laboratory in Science. 2011; 1(14-21).

7- Zavanelli RA, Guilherme AS, Melo M, Henriques GEP, Mesquita MF. Sobredentadura dento-retida: relato de caso. Robrac. 2003; 12 (60-65).

8- Zavanelli RA, Zavanelli AC, Santos LAS, Critérios para a seleção do sistema de retenção na reabilitação protética sobre implantes: prótese cimentada x parafusada. Arch Health Invest (2017) 6(12):586-592.

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