Por Ricardo Zavanelli
A finalização dos casos de prótese sobre implantes passa necessariamente pela escolha de um pilar intermediário entre o implante e a prótese (coroa), e muitas vezes o profissional fica na dúvida sobre como proceder em relação à sua escolha, indicações e técnicas de uso e principalmente quanto ao passo a passo clínico e laboratorial desses componentes.
Sendo assim, este artigo visa dar subsídios aos profissionais quanto a essa seleção e destacar a versatilidade do componente Base T da Implacil De Bortoli.
Conceitualmente falando, temos que um pilar intermediário é o componente utilizado para fazer a ligação entre o implante e a prótese/coroa, representando de forma análoga o núcleo de uma prótese fixa convencional.
Os pilares podem ser chamados de pilares intermediários, apenas pilares ou apenas intermediários, munhão, “abutment” e transmucoso, e qualquer um dos nomes acima são sinônimos e dizem respeito ao mesmo componente.
É evidente que cada pilar tem um nome próprio que o caracteriza, assim como temos o nome de pilar Base T, que são pilares intermediários pré-fabricados indicados para prótese sobre implantes (PSI) unitárias.
Indicações dos pilares do tipo Base T
São pilares personalizados ou customizados e confeccionados pela tecnologia CAD/CAM (CAD ou Computer Aided Design = desenho / CAM ou Computer Aided Machined = fresagem). Ou seja, são desenhados em programa / software específico (normalmente em programa CEREC ou Exocad) e em seguida fresados em material cerâmico, normalmente uma zircônia, e cimentados sobre a área do pilar Base T.
Assim, os pilares Base T recebem essa infraestrutura de zircônia, deixando-os com uma coloração branca (Figuras 2 e 3), diferente dos pilares pré-fabricados, que são metálicos e acinzentados, podendo por transparência e em casos de mucosa peri-implantar delgada transparecer essa cor e causar efeito antiestético.
Conceitualmente temos que os pilares do tipo Base T são componentes pré-fabricados, ou seja, com adaptação perfeita junto aos implantes já vinda de fábrica e difere do pilar do tipo UCLA pelo fato de ser comprado sem a necessidade de procedimento extra de enceramento e fundição ou sobrefundição para sua obtenção (Moreno et al., 2023).
Os pilares do tipo Base T são bastante versáteis, podendo ser utilizados em casos de prótese unitária cimentadas ou parafusadas, observando que o pilar Base T sempre será parafusado e a prótese sobre o pilar Base T é que poderá ser cimentada sobre uma infraestrutura personalizada em zircônia ou ser cimentada sobre o pilar Base T e depois ser parafusada no implante.
Essa descrição pormenorizada foi relatada por Moreno et al., em 2023, em seu artigo de revisão sistemática, que discorreu sobre a versatilidade deste pilar principalmente indicado nos casos de fluxo digital, mas que também pode ser utilizado em situações de:
– casos unitários anteriores ou posteriores;
– casos com uso de tecnologia CAD/CAM;
– casos estéticos, cuja personalização irá favorecer a estética dos casos anteriores;
– espaço interoclusal restrito para uso de pilares pré-fabricados, onde não é possível seu reajuste;
– modelo de negócio com a diminuição de componentes, facilitando o entendimento da equipe, concentrando em apenas dois componentes protéticos (Mini cônico para próteses múltiplas e pilar Base T para casos unitários);
– equalização de substratos em casos complexos.
Lembrando que a Implacil De Bortoli disponibiliza os pilares Base T para os implantes de conexão HE, HI e CM.
Abaixo, temos um quadro comparativo das principais diferenças e similaridades entre o pilar UCLA e o pilar Base T, conforme Figura 4:
Pilar UCLA | Pilar Base T |
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– Componente existente para as conexões HE, HI e CM da Implacil De Bortoli; – PSI feita direto na cabeça do implante; – Componente calcinável – requer fundição – Passível de falhas de fundição; – Permite PSI cimentada ou parafusada; – Pode-se moldar o implante de forma analógica ou digital com “scanbody” do implante e análogo híbrido do implante, desde que não se esqueça do componente com indexador; – Custo do pilar mais o processo de fundição. |
– Componente existente para as conexões HE, HI e CM da Implacil De Bortoli; – PSI feita sobre o pilar Base T; – Componente usinado – não requer fundição; – Não passível de falhas de fundição; – Permite PSI cimentada ou parafusada; – Pode-se moldar o pilar Base T instalado no implante ou até mesmo moldar o implante de forma analógica ou digital com “scanbody” do pilar ou do implante; – Custo do pilar mais o processo CAD/CAM. |
A partir das características descritas acima sobre os pilares UCLA e Base T, vamos ilustrar uma sequência clínica e laboratorial para o uso dos pilares do tipo Base T, lembrando que podemos utilizar nas conexões de HE, HI e CM disponibilizadas pela empresa e de acordo com a preferência de cada profissional:
A partir da moldagem realizada de forma analógica ou digital por meio do escaneamento, o profissional dará seguimento ao caso enviando o molde ou modelo ao laboratório de prótese dentária, para que seja confeccionado o modelo de gesso com o análogo do implante ou o arquivo STL, desenho e impressão para colocação do análogo híbrido do implante encaixando-se o análogo sobre o modelo impresso.
Observem abaixo uma sequência de imagens de escaneamento do implante Maestro CM para uso do pilar Base T:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
1- Bernauer AS, Zitzmann NU, Joda T. The Complete Digital Workflow in Fixed Prosthodontics Updated: A Systematic Review. Healthcare, 11 (679): 1-15, 2023.
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3- Lewis SG, Llamas D, Avera S. The UCLA abutment: a four-year review. Journal Prosthetic Dent 1992; 67(4):509-15.
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7- Zavanelli RA, Guilherme AS, Melo M, Henriques GEP, Mesquita MF. Sobredentadura dento-retida: relato de caso. Robrac. 2003; 12 (60-65).
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