Por Ricardo Zavanelli
No cenário da Implantodontia, o planejamento recebe o nome específico de planejamento reverso, pois visa antever (prever) a posição final dos dentes (das futuras coroas ou próteses) antes que os implantes sejam instalados, ou seja, a prótese tem papel fundamental nesse planejamento dos implantes.
Partindo-se desse princípio, uma análise criteriosa dos espaços protéticos em relação aos tecidos moles – necessidade de enxertos de tecido gengival livre e de tecido conjuntivo, tecidos duros – necessidade de enxerto ósseo, oclusão e desoclusão, número de dentes ausentes – possível número de implantes, posição das margens gengivais para correção de desníveis, deve ser feita previamente à colocação dos implantes, sob pena de posicionar erroneamente o implante, comprometer a resolução protética do caso e afetar a longevidade do caso.
Todos esses aspectos levantados acima estão relacionados com o enceramento de nossos casos clínicos, pela realização de um enceramento analógico ou digital, que irá nos gerar guias que irão direcionar a perfuração óssea dos futuros implantes.
Nesse sentido, o enceramento analógico apresenta grande relevância e é chamado de enceramento físico. A partir deste, poderemos duplicar e obter as guias radiográficas, cirúrgicas e multifuncionais que nos direcionam no posicionamento dos implantes.
Assim, os implantes devem apresentar um posicionamento 3D – tridimensional ideal para que o caso tenha longevidade e previsibilidade funcional, estética e de estabilidade dos tecidos moles e duros para a obtenção de resultado positivo em longo prazo. Isso implica em estabelecer três posições fundamentais descritas abaixo:
1- Posição do implante no sentido mésio-distal:
De forma geral, os implantes devem ser instalados seguindo o longo eixo dos dentes a serem repostos, respeitando uma distância mínima de 1,5 mm em relação aos dentes adjacentes e de 3 mm se for entre implantes. Se essas distâncias não forem respeitadas, poderemos comprometer a formação de papilas nessa região proximal e afetar a estética desses tecidos peri-implantares.
2- Posição do implante no sentido vestíbulo-lingual/palatina:
No sentido vestíbulo-lingual/palatina, os implantes podem assumir basicamente duas posições: uma seguindo a inclinação da borda incisal nos dentes anteriores, sendo que dessa forma partiremos para a confecção de uma prótese cimentada, ou instalando os implantes na região do cíngulo para prover uma prótese parafusada. Os dentes posteriores podem e devem receber os implantes na região oclusal da fossa central, e dessa forma, o profissional irá decidir pela prótese cimentada ou parafusada. Se formos considerar a instalação de implantes em próteses múltiplas, podemos pensar em reversibilidade dos casos e planejar a colocação dos implantes em regiões de possibilidade de aparafusamento para revisões. Dessa forma, instalando os implantes na região de cíngulo dos dentes anteriores e na oclusal dos dentes posteriores.
3- Posição do implante no sentido ápico-coronal:
No sentido ápico-coronal, os implantes devem seguir a posição do zênite da margem gengival vestibular (porção mais distal da margem gengival vestibular) como referência e a partir dessa margem distar cerca de 3 a 5 mm abaixo da margem gengival.
Seguindo-se esses três posicionamentos citados acima, podemos lançar mão de guias analógicos ou convencionais para garantir o posicionamento correto com os passos e etapas descritas pormenorizadamente abaixo:
Após provar e ajustar a guia cirúrgica em boca, devemos realizar uma radiografia para assegurar a posição correta dos tubos metálicos em relação aos dentes adjacentes e, se houver necessidade, alterar a posição dos tubos para melhor posicionamento dos implantes, respeitando sempre a posição 3D no sentido mésio-distal, vestíbulo-lingual e ápico-coronal. Em seguida, devemos limpar o guia com água e sabão e esterilizar, caso seja possível, previamente à cirurgia.
Na sequência cirúrgica do implante selecionado de acordo com a tomografia e/ou radiografia periapical, seguir com as etapas de fresagem e instalação dos implantes previamente planejados.
Outra excelente alternativa é o uso de placas de acetato que serão usadas para a duplicação do enceramento obtido e em seguida servir de guia para a instalação dos implantes, conforme imagens abaixo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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