A versatilidade do pilar Ideale no fluxo digital

Matéria da semana - Ricardo Zavanelli

A versatilidade do pilar Ideale no fluxo digital

Por Ricardo Zavanelli

A busca por um componente protético (pilar intermediário, intermediário, munhão, abutment, transmucoso – sinônimos para o mesmo componente) que apresente versatilidade de uso, praticidade e solução dos problemas clínicos é de fundamental importância em nossas reabilitações com próteses sobre implantes.

Nesse sentido, a Implacil De Bortoli desenvolveu um pilar com essa natureza versátil e prática, capaz de resolver situações clínicas de espaços desdentados anteriores ou posteriores, de próteses cimentadas ou parafusadas, unitárias ou múltiplas (indicado principalmente para as próteses sobre implantes unitárias), para ser utilizado no fluxo analógico ou digital, e de uso em conexões protéticas de Hexágono Externo (HE), Hexágono Interno (HI) e também de Cone Morse (CM), chamado pilar Ideale (Figura 1).

Figura 1 – Aspecto individual dos pilares Ideale usados nos implantes de conexão de Hexágono Externo (HE), Hexágono Interno (HI) e Cone Morse (CM) representando a grande versatilidade desse componente.

Os pilares Ideale apresentam o diâmetro de 4.5 mm nas conexões HE e HI e seus implantes de 3.5/4.0/5.0, altura 4 ou 6 mm e cintas metálicas de 1 a 3 mm (Figura 2), que são componentes utilizados para soluções de próteses cimentadas. Há também os pilares Ideale nas versões de angulação de 17º ou 30º com as mesmas alturas e cinta metálica de 1 mm, que são componentes utilizados para soluções de próteses cimentadas ou parafusadas, podendo ser realizadas pelo método convencional (analógico) ou pelo método CAD/CAM (digital).

Figura 2 – Em A, notamos o pilar Ideale angulado com seu parafuso de fixação. Em B, temos as medidas para as versões dos implantes de 3.5/4.0/5.0, com diâmetro de 4.5, alturas de 4 ou 6 mm e cinta metálica de 1 mm.

Considerando as versões aplicadas às conexões de implantes CM (Due Cone / Maestro / Veloce), os diâmetros dos pilares são de 3.3 ou 4.5, alturas de 4 ou 6 mm e cintas metálicas de 0.8 / 1.5 / 2.5 / 3.5 / 4.5 / 5.5 mm (Figura 3). Os pilares Ideale angulados de 17º e 30º apresentam-se em dois modelos – com e sem antirrotacional para maior comodidade de seleção dos profissionais (Figura 3).

Figura 3 – Na imagem A, notamos os quatro diâmetros disponíveis dos pilares Ideale para as conexões CM – 3.3×4 / 3.3 / 6 e 4.5×4 / 4.5×6. Na imagem B, notamos o pilar Ideale angulado em suas versões com (R) – rotacional e sem dispositivo AR – antirrotacional.
Tabela 1 – Observem os diâmetros, alturas, cinta e angulação dos pilares Ideale angulados para as versões de implantes CM.

E toda essa família de pilares Ideale tem suas chaves de instalação, transfers analógicos, transfers digitais, análogos para gesso e para modelo impresso, cilindros de titânio para confecção de provisórios, coifa laboratorial de plástico para a confecção da estrutura protética (nos casos de próteses confeccionadas em material metalocerâmica) e os parafusos de fixação (convencional e Torx), como podemos identificar na figura 4.

A grande versatilidade do pilar Ideale faz deste componente uma aplicação em:

– próteses unitárias ou múltiplas (preferência para unitárias);

– regiões anteriores ou posteriores;

– próteses cimentadas ou parafusadas;

– próteses confeccionadas em “metal free” (dissilicato ou zircônia) ou metalocerâmicas; – próteses pelo fluxo digital ou analógico;

– próteses sobre as conexões de HE / HI / CM.

Figura 4 – Na imagem A, notamos toda a família de componentes e chaves para uso do pilar Ideale – ilustrada com o pilar Ideale de 3.3×4. Em B, temos uma vista aproximada do pilar Ideale 3.3×4 com o transfer digital e o transfer analógico.
Figura 5 – Na imagem A, notamos os transfers analógicos adaptados aos pilares Ideale e implantes CM. Em B, temos os transfers digitais adaptados aos pilares Ideale e implantes CM – note que os analógicos são encaixados e os digitais são parafusados.
Figura 6 – Imagem ilustrativa do transfer analógico de 3.3×4 e do transfer digital de 3.3×4 adaptados ao pilar Ideale de 3.3×4 e implante CM.
Figura 7 – Na imagem A, notamos toda a família de transfers analógicos e seus análogos. Em B, temos os transfers digitais e seus análogos. Note que os análogos são chamados de D/G ou seja, podendo ser usados em fluxo digital (D) ou fluxo analógico, no gesso (G) – análogos híbridos e de uso duplo.

Neste artigo, o enfoque será voltado ao fluxo digital. Assim, o entendimento das palavras CAI/CAD/CAM é de fundamental importância para a compreensão do fluxo de atendimento:

CAI – “computer aided inspection” ou aquisição da imagem ou escaneamento (de bancada ou intraoral). Normalmente o profissional fará o escaneamento intraoral com um equipamento e o produto desse escaneamento será um arquivo em terminação STL;

CAD – “computer aided design” ou desenho da estrutura em programas específicos de computador (programa Exocad, por exemplo) realizados por um dentista ou protético “cadistas”;

CAM – “computer aided machined” ou etapa de confecção da peça propriamente dita ou materialização do desenho em máquina fresadora ou de impressão.

A partir de agora, vamos descrever uma sequência clínica e laboratorial ilustrativa de uso do pilar Ideale e todo o seu caminho de escaneamento (CAI), desenho (CAD) e obtenção da peça protética por fresagem (CAM):

Figura 8 – Pilar Ideale instalado com chave específica de 3.3x6mm e torque de 30Ncm.

Figura 9 – Realização do escaneamento do pilar Ideale juntamente com o perfil de emergência. Imagem do arquivo STL obtido na tela de escaneamento.
Figura 10 – Realização do escaneamento do transfer digital do pilar Ideale juntamente com o perfil de emergência. Imagem do arquivo STL obtido na tela de escaneamento.
Figura 11 – Infraestrutura desenhada (CAD) sobre o pilar Ideale de 3.3x6mm. Observe as diferentes vistas em A, B e C demonstrando a confecção de uma peça monolítica (em uma única peça) e de forma parafusada – com acesso ao parafuso de fixação.

Esse desenho realizado em programa Exocad é compartilhado com o dentista que faz as correções ou ajustes necessários dando aprovação ao “cadista” para a materialização da peça protética em máquina fresadora. Nesse caso específico foi realizado a fresagem em material cerâmico de zircônia em uma única peça – monolítica, que foi maquiada – pigmentação extrínseca e encaminhada ao dentista para prova, ajuste e inserção em boca sobre o pilar Ideale.

Figura 12 – Em A, notamos a coroa sobre o pilar Ideale em posição em uma vista vestibular. Em B, temos um aspecto palatino da coroa parafusada sobre o pilar Ideale.

Nesse exemplo da sequência de imagens acima foi ilustrado uma prótese sobre implante a ser parafusada sobre o pilar Ideale. No entanto, também é possível que se faça uma PSI cimentada sobre o pilar Ideale, o que mudaria o desenho (CAD), realizando-se assim a coroa fechada e sem acesso ao parafuso (Figura 10).

Figura 13 – Imagens ilustrativas do desenho (CAD) de uma peça protética a ser cimentada sobre o pilar Ideale em diferentes vistas (no modelo, em A; no pilar, em B; solta, em C).

Considerações finais

Como foi exposto no texto, a palavra que pode definir o pilar Ideale é VERSATILIDADE, pois é um pilar intermediário indicado para os diferentes implantes de conexão HE, HI e CM, para próteses unitárias ou múltiplas (principalmente para as unitárias), nos casos de próteses cimentadas sobre o pilar ou parafusadas sobre o pilar, em regiões de dentes anteriores ou posteriores e finalmente utilizado pelo fluxo de atendimento analógico ou digital, conforme a preferência dos profissionais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1- Bernauer AS, Zitzmann NU, Joda T. The Complete Digital Workflow in Fixed Prosthodontics Updated: A Systematic Review. Healthcare, 11 (679): 1-15, 2023.

2- Lewis SG, Beumer J3rd, Hornburg W, Moy P. The UCLA abutment. Int J Oral Maxillofac Implants 1988; 3:183-9.

3- Lewis SG, Llamas D, Avera S. The UCLA abutment: a four-year review. Journal Prosthetic Dent 1992; 67(4):509-15.

4- Moreno ALM, Santos MD, Bertoz APM, Goiato MC. Abutment on Titanium-Base Hybrid Implant: A Literature Review. Eur J Dent. 2023 May; 17(2): 261–269.

5- Thobity AMAl, Titanium Base Abutments in Implant Prosthodontics: A Literature Review. European Journal of Dentistry 16(S 06) Nov 2021.

6- Zavanelli RA, Magalhães JB, Cardoso LC, Zavanelli AC. Sistemas de retenção para sobredentadura implanto retida: discussão e aplicação clínica. Prosthesis Laboratory in Science. 2011; 1(14-21).

7- Zavanelli RA, Guilherme AS, Melo M, Henriques GEP, Mesquita MF. Sobredentadura dento-retida: relato de caso. Robrac. 2003; 12 (60-65).

8- Zavanelli RA, Zavanelli AC, Santos LAS, Critérios para a seleção do sistema de retenção na reabilitação protética sobre implantes: prótese cimentada x parafusada. Arch Health Invest (2017) 6(12):586-592.