Componente Base T no fluxo do CEREC

Matéria da semana 03-06-24 - Rodrigo Cunha e Felipe Pohlmann

Componente Base T no fluxo do CEREC

Por Rodrigo Cunha e Felipe Pohlmann

Resumo

O componente Base T da Implacil De Bortoli representa uma peça fundamental, projetada para integrar avanços tecnológicos com materiais de alta qualidade, revolucionando as práticas de reabilitação sobre implantes. Desenvolvido originalmente pela Sirona e adotado por várias fabricantes de implantes, o Base T foi refinado pela Implacil De Bortoli para oferecer uma solução simples para os sistemas CAD/CAM, eficaz e altamente compatível com fluxos de trabalho digitais, como os sistemas CEREC e Exocad (Figura 1).

Figura 1- Componente Base T e os fluxos de trabalho para CEREC e Exocad.

O pilar Base T contempla a linha dos implantes HE, HI e Cone Morse (Figura 2).

Figura 2 – Indicações do Base T para HE , HI e CM.

Os pilares Base T estão disponíveis em duas plataformas — Small com 3,5 mm e Large com 4,5 mm — e com alturas de cintas variando de 0,8 – 1,5 – 2,5 – 3,5 mm, sendo projetado para uma perfeita adaptação e personalização em diversos casos clínicos de elementos unitários (Figura 3).

Figura 3 – Alturas do transmucoso e diâmetros do componente.

No momento da confecção da prótese definitiva, se faz necessário o escaneamento intraoral dos elementos envolvidos e com o transferente digital (Scancorp) específico sobre o Base T escolhido (Figura 4).

Figura 4 – Base T e Scancorp.

O Scancorp (corpo de escaneamento ou transferente digital) possui dois diâmetros: o Small de 3,5 e o Large de 4.0, e são utilizados em conjunto com o Base T (Figura 5).

Figura 5 – Tamanhos e códigos no catálogo da Implacil De Bortoli do Scancorp.
Figura 6 – Código para utilizar os Base T na biblioteca do CEREC para o Small e o Large.

Na hora de selecionar na administração do CEREC-Sirona o componente a ser utilizado, o qual é compatível com a biblioteca virtual da Implacil De Bortoli no software CEREC, utilizamos para os diâmetros do Base T (Figura 6):

3.5 – small = FX 3.4 (Biblioteca CEREC)

4.0 – large = AT OS 3.5/4.0 (Biblioteca CEREC)

Processo de digitalização e fabricação utilizando o componente Base T no fluxo do CEREC

Preparação e digitalização CEREC:

Etapa 1 – Na Administração: selecionar o dente e se será prótese perfurada ou multicamadas (Figuras 7, 8, 9, 10 e 14);

Etapa 2 – Selecionar se o Base T é Small (FX 3.4) ou Large (AT OS 3.5/4.0) no software (Figuras 11, 12 e 13);

Etapa 3 – Remover o provisório;

Etapa 4 – Definir altura do transmucoso 0,8 – 1,5 – 2,5 – 3,5;

Etapa 5 – Instala-se o Base T sobre a plataforma do implante e o transferente digital (Scancorp) diretamente sobre o componente;

Etapa 6 – O escaneamento intraoral deve ser realizado sobre o Scancorp + Base T, da gengiva (perfil de emergência), mordida e do antagonista. Algumas vezes também realizamos o CAI (computer added information) dos provisórios a fim de termos uma referência volumétrica para se guiar no design da peça protética. A utilização de afastadores não reflexivos e afastadores labiais, como o Optragate, são essenciais para um bom escaneamento intraoral.

Após o término do escaneamento, o transferente digital e o pilar são removidos para que a prótese provisória seja recolocada. Neste processo obtemos o modelo virtual ou arquivo STL que será utilizado para desenvolver o projeto CAD.

Figura 7 – Primeiro passo na seleção do caso na administração.
Figura 8 – Segundo passo para selecionar prótese sobre implante à esquerda.
Figura 9 – Selecionar coroa parafusada para casos de coroa com um único material estético.
Figura 10 – Selecionar coroa com suporte em casos com dois materiais (zircônia e feldspato ou E-Max).
Figura 11 – Selecionar TIBase.
Figura 12 – Selecionar em Dentsply Sirona Others.
Figura 13 – Selecionar o Small ou Large.
Figura 14 – Selecionar o dente a ser trabalhado.

Após o término do escaneamento, o transferente digital e o pilar são removidos para que a prótese provisória seja recolocada. Neste processo obtemos o modelo virtual ou arquivo STL que será utilizado para desenvolver o projeto CAD.

Design e fabricação

Com o arquivo obtido através do escaneamento, podemos proceder de duas formas:

  1. Chair Side: nesta primeira situação o profissional tem uma fresadora no consultório, faz o design do dente a ser fresado e procede com a confecção deste em fresadora (CAM) de consultório, depois maquiando e finalizando em um forno específico em ambiente clínico.
  2. Em outra situação os profissionais preferem não se envolverem com a manufatura e optam por terceirizar o processo e somente enviar o arquivo fruto de escaneamento a um laboratório de sua preferência; esse por sua vez criará o design do dente em um software específico, como Exocad, enviará ao profissional um link com o projeto do CAD que será avaliado, e no caso de aprovado, passará para a etapa do CAM, sendo submetido a fresagem, maquiagem e finalização. Após a conclusão, a peça protética será enviada pronta ao profissional para ser instalada no paciente.

Relato de caso

Paciente do sexo masculino, 43 anos, após diagnosticado com fratura do elemento 11, foi planejado extração e instalação imediata de implante Maestro através de cirurgia guiada prototipada.

Após o período de osseointegração e da maturação do perfil de emergência (90 dias), foi removido o provisório (Figura 15) e utilizado o túnel check para a seleção do Base T e a altura do transmucoso (Figura 16).

Com o componente já instalado sobre o implante (Figura 17), realizamos a instalação do Scancorp Small para realizar o escaneamento (Figura 18).

Na administração do software CEREC, selecionamos a prótese sobre implante. Neste caso, selecionamos na segunda etapa, a prótese com suporte (dois materiais) para confecção: primeira do munhão de zircônia personalizado e na segunda camada a coroa de feldspato.

Neste caso selecionamos em boca o componente do diâmentro Small e na biblioteca do CEREC selecionamos Dentsply Sirona Others. Na sequência, para o Small, escolhemos o compatível FX 3.4 (Figura 19).

Depois de escaneado foi realizado o CAD (design) do munhão de zircônia, bem como o da coroa simultaneamente (Figuras 20 e 22). Posteriormente, a fresagem das peças em fresadora de consultório, foi sinterizada a zircônia e a coroa maquiada no forno no mesmo ambiente (Figuras 21, 23, 24).

Este processo de confecção no mesmo ambiente do consultório, chamamos de Chair Side (ao lado da cadeira).

Após a prova do munhão e da coroa (Figuras 25 e 26), foi realizado o jateamento do componente na porção coronária e não no transmucoso, para melhorar a adesão. O cimento utilizado neste caso foi o U200 da 3M e a cimentação ocorreu fora de boca. Logo foi instalado em boca o conjunto com torque de 20N e o parafuso protético protegido com teflon. A coroa de porcelana, por sua vez, foi cimentada com Ultimate da 3M (Figura 27).

Figura 15 – Início do caso após a remoção do provisório do dente 11.
Figura 16 – Utilização do Túnel Check para mensurar a altura do transmucoso.
Figura 17 – Instalação do Base T.
Figura 18 – Instalação do Base T Small e o Scancorp Small e escaneamento.
Figura 19 – STL do escaneamento sobre o Scancorp Base T Small.
Figura 20 – Design do munhão de zircônia.
Figura 21 – Processo de fresagem do bloco, acabamento e sinterização da zircônia.
Figura 22 – Design da coroa.
Figura 23 – Zircônia e pilar Base T conectado e cimentados e coroa passivamente adaptada sobre o conjunto.
Figura 24 – Blocos dos materiais (feldspato para a coroa e zircônia perfurada para o munhão) utilizados para a confecção da reabilitação do dente 11.
Figura 25 – Instalação do munhão de zircônia já cimentado sobre o pilar Base T Small: note o perfil de emergência.
Figura 26 – Prova da coroa sem Glaze.
Figura 27 – Processo de fresagem do bloco, acabamento e sinterização da zircônia.

Conclusão

Uma particularidade do Base T é que este é um componente híbrido, logo, ele é parafusado na plataforma do implante, porém a peça protética que foi produzida é cimentada sobre o componente e isso abre a possibilidade para que o processo de cimentação seja feito intraoral ou no modelo impresso, fora da boca. Porém, no caso da peça protética cimentada no modelo, deverá apresentar uma abertura para acesso da chave que apertará o parafuso diretamente sobre a plataforma do implante. Isso também gera a possibilidade de trabalharmos com diferentes materiais sobre o mesmo componente.

O componente Base T representa um avanço significativo em termos de integração tecnológica (CAI/CAD/CAM) e uso de materiais de alta qualidade. Seu design inovador e a adaptação a sistemas digitais avançados permite uma personalização precisa e uma adaptabilidade excepcional em uma variedade de cenários clínicos.

Essa abordagem torna as restaurações sobre implante mais precisas, mais rápidas e contribui para a longevidade e o sucesso das reabilitações protéticas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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