Comunicação com o laboratório de prótese dentária no fluxo digital dos pilares Ideale e Base T

Matéria da semana - Ricardo Zavanelli

Comunicação com o laboratório de prótese dentária no fluxo digital dos pilares Ideale e Base T

Por Ricardo Zavanelli

Introdução

O fluxo digital aplicado à Odontologia tem evoluído a cada dia e facilitado a rotina dos profissionais que atuam na reabilitação bucal com implantes e próteses sobre implantes, possibilitando um atendimento mais assertivo e confortável aos pacientes.

Nesse sentido do cenário do fluxo digital é de fundamental importância que o profissional saiba como se comunicar com o laboratório de prótese dentária (LPD) e com o técnico que irá receber o arquivo STL (monocolor), PLY, OBJ (colorido) ou similar para que consiga dar sequência adequada ao desenho da peça protética (processo CAD) e, consequentemente, à manufatura da peça indireta – processo CAM (por fresagem ou por impressão).

Assim, os pilares intermediários do tipo Ideale e Base T são amplamente utilizados no fluxo digital e merecem destaque no momento da comunicação com o técnico de laboratório que irá realizar o processo de desenho, sendo que este deverá receber corretamente as informações para que possa lançar adequadamente nos programas de desenho como o software Exocad. Vamos observar a Figura 1 dos pilares Ideale e Base T abaixo:

Figura 1 – Imagem real do pilar Ideale (amarelo) e do pilar Base T (cinza) utilizados no fluxo digital. Esses componentes protéticos são instalados e torqueados no implante para receberem posteriormente a prótese sobre implante.

Esses pilares instalados em boca e torqueados nos implantes irão receber os transferentes de moldagem digitais chamados de Transfers Digitais (ScanBody) e representados nas imagens abaixo:

Figura 2 – Imagens reais e representativas do pilar Ideale (amarelo) com seu respectivo ScanBody, representado pelo código ID334; e do pilar Base T (cinza) com seu respectivo ScanBody, representado pelo código BT35; e do implante com seu respectivo Transfer Digital (ScanBody), representado pelo código CM AR.

E esses transferentes digitais ou ScanBody é que serão escaneados (Figura 3) a fim de obter a imagem 3D ou arquivos digitais do tipo STL e que serão encaminhados ao cadista.

Figura 3 – Em A temos exemplos dos transfers digitais ou ScanBody do implante de conexão Cone Morse da Implacil Osstem representados pelo código da empresa e siglas CM AR; em B temos a imagem do transfer digital ou ScanBody do pilar Ideale representado pelo símbolo da empresa Implacil Osstem e seu respectivo código ID 334, facilitando a identificação dos profissionais.

Após a aquisição da imagem ter sido obtida via scanner (processo CAI), essas informações de arquivo STL e PLY 3D são enviadas ao laboratório, informando ao cadista o que foi escaneado – se direto no implante (A) ou sobre um pilar específico (B), qual empresa e cinta metálica do caso. O cadista realizará o cadastro no programa Exocad colocando essas informações do profissional para que seja realizado o desenho das peças finais como ilustrado nas imagens abaixo:

Figura 4 – Imagens representativas do desenho das peças protéticas realizado no Exocad. Em A e B temos o posicionamento do pilar Base T sobre os implantes CM AR da Implacil Osstem, ocorrendo o casamento ou “match” obtido no escaneamento dos implantes. O profissional informa a cinta metálica do componente a ser utilizado e o protético (cadista) realiza a seleção virtual do componente, e em seguida faz o desenho dos dentes (C e D).

Nas imagens abaixo podemos observar outro “match” do ScanBody do pilar Ideale com o desenho realizado em programa Exocad (Figuras 5 e 6).

Figura 5 – Em A temos a correspondência ou “match” da posição do pilar Ideale – altura da gengiva (cinta metálica do componente protético) no programa Exocad. Em B temos os dentes já desenhados virtualmente sobre o pilar Ideale com a mesma posição em boca: tudo isso foi dado pelo posicionamento do ScanBody do pilar da boca para o programa de computador.
Figura 6 – Imagem representativa do desenho virtual dos dentes 24 e 25 sobre os pilares Ideale da Implacil Osstem.

Agora esse projeto dos dentes realizado no Exocad poderá ser encaminhado ao processo CAM de manufatura da peça, seja por impressão ou por fresagem, como ilustrado na Figura 7.

Figura 7 – Imagem clínica de dois implantes CM Implacil Osstem do tipo Veloce instalados após a remoção dos cicatrizadores.
Figura 8 – Imagem do instrumento Túnel Check CM da Implacil Osstem que realiza a medida do tecido transmucoso presente, a fim de selecionar a futura cinta metálica do componente protético. Nesse caso, marcou-se 3.5mm da margem gengival até a cabeça do implante e a cinta deve ficar no mínimo 1mm a menos dessa marcação para esconder o término da prótese sobre implante.
Figura 9 – ScanBody de códigos CM AR do implante CM da Implacil Osstem instalados em boca indicando o escaneamento dos implantes e futuro uso do componente Base T.
Figura 10 – Imagens das peças confeccionadas em zircônia multilayer sobre o pilar Base T da Implacil Osstem.
Figura 11 – Pilares Ideale de 4.5×4 instalados em boca com seus respectivos cilindros de titânio (Tampa de cicatrização).
Figura 12 – ScanBody dos pilares Ideale de 4.5×4 instalados em boca e prontos para serem escaneados para a obtenção do arquivo STL.
Figura 13 – Imagem das peças obtidas em material cerâmico à base de zircônia.
Figura 14 – Peças instaladas em boca na região dos dentes 45, 46 e 47 sobre os pilares do tipo Ideale de 4.5×4.

Conclusão

Diante do artigo apresentado sobre os conceitos de comunicação do fluxo digital com ScanBody do implante CM AR para uso da Base T e do pilar Ideale, foi possível concluir que:

– a tecnologia de desenho CAD é uma excelente aliada dos profissionais para a confecção de peças protéticas indiretas;

– para que seja realizado um correto desenho nos softwares específicos, o profissional deve informar ao cadista o componente que foi escaneado: no caso do uso do componente Base T, o ScanBody será do implante CM AR, e no caso do uso do pilar Ideale, o ScanBody será o do pilar Ideale, onde deve ser informado o diâmetro do pilar (3.3 ou 4.5) e sua altura (4 ou 6mm);

– no laboratório, o cadista irá realizar as combinações e o match perfeito da posição do ScanBody em boca no software;

– o profissional também deverá encaminhar o respectivo análogo do componente escaneado para que seja encaixado no modelo impresso.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1- Codruţa-Eliza Ille, Anca Jivănescu, Daniel Pop, Eniko Tunde Stoica, Razvan Flueras, Ioana-Cristina Talpoş-Niculescu, Raluca Mioara Cosoroabă, Ramona-Amina Popovici, Iustin Olariu. Exploring the Properties and Indications of Chairside CAD/CAM Materials in Restorative Dentistry. J Funct Biomater. 2025 Feb; 16(2): 46. Published online 2025 Feb 1.doi: 10.3390/jfb16020046.

2- Dariusz Sala, Maria Richert. Perspectives of Additive Manufacturing in 5.0 Industry. Materials (Basel) 2025 Jan; 18(2): 429. Published online 2025 Jan 17. doi: 10.3390/ma18020429.

3- Fereshte Rezaie, Masoud Farshbaf, Mohammad Dahri, Moein Masjedi, Reza Maleki, Fatemeh Amini, Jonathan Wirth, Keyvan Moharamzadeh, Franz E. Weber, Lobat Tayebi. 3D Printing of Dental Prostheses: Current and Emerging Applications. J Compos Sci. Author manuscript; available in PMC 2024 Apr 19. Published in final edited form as: J Compos Sci. 2023 Feb; 7(2): 80. Published online 2023 Feb 15.doi: 10.3390/jcs7020080.

4- Hanin E. Yeslam, Nadine Freifrau von Maltzahn, Hani M. Nassar. Revolutionizing CAD/CAM-based restorative dental processes and materials with artificial intelligence: a concise narrative review. PeerJ. 2024;12: e17793. Published online 2024 Jul 19. doi: 10.7717/peerj.17793.

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