Por Diego Klee, Daniel Morita e Wilson Andriani Júnior
A confecção de próteses sobre dentes e implantes tem sido beneficiada pelos constantes avanços tecnológicos. A associação do fluxo digital com novas gerações de materiais cerâmicos é responsável por tratamentos protéticos céleres, precisos e estéticos. Dentre estes materiais, a zircônia apresentou os maiores avanços nos últimos anos, podendo ser empregada com sucesso em uma variada gama de tratamentos protéticos.
A zircônia tetragonal estabilizada por ítria (3Y-TZP), branca e opaca, é a representante da primeira geração deste material. Ela apresenta alta resistência (cerca de 900 a 1.200 Mpa), porém é muito opaca, sendo indicada para a confecção de infraestruturas de próteses fixas e pilares de próteses sobre implantes.
Uma mudança efetiva na translucidez da zircônia foi obtida com o emprego de maior quantidade de ítria (4Y-PSZ e 5Y-PSZ). Zircônias translúcidas representam a terceira geração deste material. Apesar da menor resistência, quando comparada à primeira geração, apresentam vantagens interessantes: podem ser encontradas em forma de blocos nas cores da escala Vita e com graduação de translucidez, o que permite próteses com características similares à dentição natural.
Outro fator importante é que a usinagem da zircônia ocorre em seu estado pré-sinterizado, em que a baixa dureza reduz consideravelmente o desgaste de ferramentas e equipamentos, bem como o consumo energético. Após a usinagem, o produto é sinterizado e adquire suas propriedades mecânicas fi nais. A contração pela sinterização é levada em consideração durante o desenho e a usinagem das peças. Cada bloco apresenta um código de barras que identifica sua densidade para o computador. Desta forma, a usinagem ampliada será precisamente compensada pela contração na etapa de sinterização.
No caso clínico (Figuras 1 a 7), empregamos uma zircônia multicamadas (NexxZr+ – Sagemax Bioceramics; 4Y-TZP cervical e 5Y-TZP incisal) com gradiente natural de cor, translucidez e alta resistência flexural (880 MPa cervical e 630 MPa incisal). Estas propriedades permitem a fabricação de próteses monolíticas unitárias e pequenas próteses fixas altamente estéticas, tanto na região anterior como na posterior, podendo ser empregada em associação às técnicas de processamento por infiltração, maquiagem ou estratificação.
* Este artigo foi publicado na revista ImplantNews em 2022.