Mudanças repetidas dos pilares têm alguma influência sobre a estabilidade dos tecidos peri-implantares? Resultados pós-carregamento de um ano, um ensaio controlado aleatório multicêntrico

Mudanças repetidas dos pilares têm alguma influência sobre a estabilidade dos tecidos peri-implantares? Resultados pós-carregamento de um ano, um ensaio controlado aleatório multicêntrico

Esposito et al., Eur. J. Oral Implantol.  2017;10(1):57-72.

 

OBJETIVO:

Avaliar a influência de pelo menos três mudanças de intermediários em implantes carregados convencionalmente em comparação com a colocação de um intermediário definitivo, instalado no momento da cirurgia de implantes sem contato oclusal, no que se refere as mudanças de tecidos duros e moles.

 

MATERIAIS E MÉTODOS:

80 pacientes com indicação de coroas unitárias, ou prótese parcial fixa suportada por até 3 implantes, foram aleatoriamente divididos em dois grupos de acordo com um desenho de estudo paralelo. Grupo intermediário definitivo – instalação do intermediário definitivo no dia da instalação do implante. Grupo intermediário transmucoso – instalação do intermediário definitivo após 3 meses da colocação do implante. Neste grupo, o intermediário foi removido pelo menos 3 vezes antes da instalação definitiva do mesmo (moldagem, prova da estrutura, entrega da prótese definitiva). Os pacientes foram tratados em 4 centros de pesquisa com acompanhamento de 1 ano após carregamento protético. Os parâmetros avaliados foram: falha da prótese, falha do implante, complicações, estética, recessão vestibular, satisfação do paciente, alterações no nível ósseo e faixa de tecido queratinizado.

 

RESULTADOS:

40 pacientes foram aleatoriamente alocados em cada grupo. Dois pacientes desistiram do estudo no grupo de intermediário definitivo mas não apresentaram falhas nos implantes. Quatro coroas unitárias provisórias e uma definitiva tiveram que ser refeitas devido a desajuste e uma coroa definitiva devido a fratura da cerâmica, no grupo de intermediário desconectado. No grupo de intermediário definitivo, uma prótese provisória teve que ser substituída devido a frequente necessidade de re-cimentação  (diferença?=?12%; CI95%: 0%, 25%; P?=?0.109). Oito pacientes apresentaram complicações, 4 de cada grupo (diferença?=?1%; CI95%: -13%, 14%; P?=?1). A avaliação estética (PES – Pink Esthetic Score) feita com uma ano da prótese foi 11.4?(1.5)?mm para o grupo de intermediário definitivo e 11.0 (2.0) mm para o grupo de intermediário com 3 remoções (diferença?=?0.4; CI95%: -0.4, 1.2; P?=?0.289). Recessões vestibulares após 1 ano, observadas no grupo intermediário definitivo foi 0.07 (0.35) mm e 0.12 (0.65) mm para o outro grupo (ao invés de recessão foi observado deslocamento coronário da mucosa; differença?=?0.05 CI 95%: -0.19, 0.29; P?=?0.659).

Todos os pacientes relataram estar muito satisfeitos ou satisfeitos com a função e a estética das próteses e que se submeteriam ao procedimento novamente. A média de perda óssea peri-implantar após 1 ano de carregamento foi 0.06 (0.12) mm para o grupo de intermediário definitivo e 0.23 (0.49) mm para o grupo com remoção sucessivas do intermediário. (diferença?=?-0.16; CI95%: -0.33,-0.00; P?=?0.046). A faixa de tecido queratinizado foi semelhante nos dois grupos 2.8 (1.5) e 2.8 (1.7) mm (diferença?=?-0.0; CI 95%: -0.8, 0.7); P?=?0.966. Após um ano de acompanhamento, não foram observadas diferenças estatisticamente significantes entre os grupos, com exceção da perda óssea adicional no grupo de intermediário removido 3 vezes de 0,16mm.

 

CONCLUSÃO:

Após um ano de carregamento, os dados mostraram que sucessivas trocas de intermediário aumentam significantemente a perda óssea em 0,16mm, entretanto esta diferença não pode ser considerada clinicamente relevante. Portanto, os profissionais podem usar o tipo de procedimento mais conveniente para cada paciente em específico.