Por Madalena L. P. Dias Engler e Marco Aurélio Bianchini
A reabilitação de maxilas atróficas representa um dos grandes desafios da prática clínica na Implantodontia. Muitos pacientes nos procuram com o objetivo de deixar de usar uma prótese total (popularmente conhecida como dentadura), pois esta modalidade de prótese não tem fixação, apenas retenção, e ao longo dos anos e com o avanço do processo de reabsorção óssea na maxila, tende a perder retenção e causar desconforto nas atividades essenciais, como a alimentação e a fonética.
Contudo, ao recebermos em nosso consultório um paciente na condição de perda de retenção de uma prótese total, imediatamente já imaginamos que não será fácil reabilitá-lo com implantes, pois há uma grande possibilidade de não haver disponibilidade óssea para a instalação deles. Com isso, o primeiro passo a ser dado é a realização de uma tomografia Cone Beam, onde teremos uma visão tridimensional da quantidade óssea presente.
A maxila apresenta um padrão de reabsorção mais vertical nos primeiros anos após a perda dos elementos dentários, sendo mais comum encontrarmos osso disponível em espessura, mas com pouca altura. Entretanto, o uso de próteses removíveis acelera o processo de reabsorção de forma tridimensional devido ao fato de a prótese recobrir toda a área basal disponível, causando pressão sobre o tecido ósseo tanto por oclusal, quanto por vestibular e lingual/palatina. Normalmente, pacientes usuários de próteses totais há muitos anos apresentam-se com grande perda de altura e espessura óssea.
No presente caso, uma paciente de 78 anos nos procurou para realizar implantes e uma prótese total fixa (do tipo protocolo Brånemark). Ao solicitar a tomografia, constatamos a necessidade de realizar uma cirurgia reconstrutiva (de enxertia óssea) prévia à cirurgia de implantes, pois não havia a mínima quantidade óssea necessária (Foto 1). Optamos por uma cirurgia de Levantamento de Seio Maxilar bilateral devido às maiores chances de ganho ósseo em comparação a uma reconstrução na região anterior (que estava demasiadamente reabsorvida). A paciente foi encaminhada para um cirurgião bucomaxilofacial, para realizar a cirurgia em ambiente hospitalar, considerando-se a idade avançada e o grau de morbidade do procedimento cirúrgico.
Aguardado o tempo de Osseointegração do enxerto (em torno de oito meses), solicitamos uma nova tomografia, onde foi observado ganho ósseo suficiente para a instalação de implantes, apesar de ainda ser uma condição limítrofe (Fotos 2, 3 e 4). O planejamento cirúrgico foi de instalar cinco implantes, sendo dois no lado direito e três no lado esquerdo, onde a extensão de ganho ósseo foi maior e possibilitava distribuir melhor os implantes.
Realizamos a cirurgia de instalação dos implantes (Maestro CM, Implacil De Bortoli) sob sedação endovenosa e monitoramento por médica anestesista em nosso consultório cirúrgico. A radiografia panorâmica pós-operatória mostra a distribuição dos implantes (Foto 5). A prótese total da paciente foi aliviada internamente e reembasada com material macio (COE-SOFT) para que pudesse ser utilizada durante o tempo de Osseointegração dos implantes (seis meses).
A cirurgia de reabertura dos implantes foi realizada com instalação simultânea dos componentes protéticos e moldagem para dar início ao processo de confecção da prótese protocolo. A variedade de componentes protéticos disponíveis na Implacil De Bortoli foi primordial nesse caso, onde, devido à proximidade dos implantes do lado esquerdo e visando facilitar a higienização da área e reduzir as chances de um processo de peri-implantite, utilizamos um componente mini cônico angulado e um componente micro cônico reto nos implantes das regiões de 23 e 24, respectivamente. O uso destes componentes possibilitou um bom eixo de saída dos parafusos protéticos e a manutenção de espaço entre eles. A radiografia panorâmica final e as fotos clínicas apresentam a finalização do caso com a reabilitação protética (Fotos 6, 7 e 8).