Pilar protético e a relação com a gengiva.

materia da semana - Marco Bianchini

Pilar protético e a relação com a gengiva.

Marco Bianchini mostra caso com uso de pilar protético mais fino e bom volume de mucosa ceratinizada. Qual a relação com o volume de gengiva?

A dimensão do pilar protético em próteses sobre implantes osseointegrados vem sendo objeto de muitas pesquisas nos últimos anos. A busca por componentes protéticos que tenham um desenho que otimize a estética tem norteado a maioria dos ensaios clínicos e laboratoriais das empresas fabricantes de implantes. Esta relação das dimensões dos pilares protéticos com a estética passa, invariavelmente, pelo volume de tecido ceratinizado que existe ao redor dos implantes e dos pilares protéticos. Assim, as dimensões dos pilares estão intimamente relacionadas com o volume de gengiva de cada caso.

A quantidade de tecido ceratinizado ao redor de implantes tem uma importância que transcende a estética, e isto parece ser bem documentado na literatura. Estudos em forma de revisões sistemáticas indicaram que uma mucosa ceratinizada com valores menores do que 2 mm estaria associada a um maior acúmulo de placa e inflamação do tecido mole peri-implantar, quando comparado com implantes que foram circundados por uma mucosa ceratinizada maior do que 2 mm. Isso demonstra a importância deste tecido na prevenção do acúmulo de placa e, consequentemente, no desenvolvimento de alterações peri-implantares.

Além da quantidade horizontal de mucosa ceratinizada que circunda os implantes, também a espessura vertical, que se localiza sobre os implantes, vem sendo indentificada por alguns autores como um importante fator que influenciaria na estabilidade do tecido ósseo peri-implantar. Estes autores preconizam que uma altura mínima de 3 mm de tecido ceratinizado sobre os implantes deve sempre estar presente acima do tecido ósseo, a fim de acomodar os componentes das distâncias biológicas peri-implantares (epitélio do sulco, epitélio juncional e inserção consjuntiva), evitando perdas ósseas precoces.

As Figuras 1 a 3 demonstram um caso clínico em que a relação de um pilar protético mais fino com um bom volume de  mucosa ceratinizada proporcionou um resultado bastante favorável. O fato do implante ter sido colocado em uma posição mais profunda em relação aos dentes adjacentes foi compensado pela altura e espessura do pilar protético, que respeitou o espaço biológico para acomodar as estruturas dos tecidos moles. As dimensões longa e estreita do pilar deixaram um espaço livre para a gengiva, que proporcionou o tão sonhado selamento biológico peri-implantar.

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Figuras 1 a 3 – Pilar protético Ideale (Implacil De Bortoli, São Paulo Brasil) sobre implante cone-morse Due Cone (Implacil De Bortoli, São Paulo Brasil) na região do elemento 15. Observar a espessura reduzida com cinta alta do pilar, proporcionando uma excelente condição gengival peri-implantar após um ano de prótese.

Uma série de estudos, que serviu de base para a classificação das doenças peri-implantares pela Academia Americana de Periodontia, concluiu que o início e a progressão da peri-implantite podem ser influenciados por fatores iatrogênicos, como a colocação inadequada do pilar protético e o sobrecontorno das restaurações protéticas.

Desta forma, parece ser razoável acreditar que fatores como o design dos pilares e da supraestrutura protética devem preservar os tecidos moles peri-implantares, proteger o implante e facilitar o acesso para higiene oral dos pacientes. Pilares mais “finos e longos”, especialmente sobre implantes com plataforma cone-morse, melhoram a relação com os tecidos gengivais peri-implantares, mantendo a saúde do conjunto implante-prótese ao longo dos anos.

Referências

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4. Linkevicius T, Puisys A, Steigmann M, Vindasiute E, Linkeviciene L. Influence of vertical soft tissue thickness on crestal bone changes around implants with platform switching: a comparative clinical study. Clin Implant Dent Relat Res 2015;17(6):1228-36.
5. Berglundh T et al. Peri‐implant diseases and conditions: consensus report of workgroup 4 of the 2017 World Workshop on the Classification of Periodontal and Peri‐Implant Diseases and Conditions. J Clin Periodontol 2018;45(suppl.20):286-91.
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Fonte: https://vmcom.com.br/vmblog/pilar-protetico-e-a-relacao-com-a-gengiva/