Utilização de dispositivos auxiliares para escaneamento de arcos edêntulos

Utilização de dispositivos auxiliares para escaneamento de arcos edêntulos

O desenvolvimento e a utilização do sistema CAI (Computer-Aided-Imaging) / CAD (Computer-Aided-Design) / CAM (Computer-Aided-Manufacturing) na Odontologia propicia oportunidades ao cirurgião-dentista de apresentar soluções rápidas e eficazes para diferentes cenários da Prótese e Implantodontia.

Essa tecnologia permite ao operador a confecção de restaurações protéticas através do conjunto scanner associado a um software de desenho (CAD), como também a manufatura através de fresadoras ou impressoras (CAM).

Embora este sistema CAD/CAM esteja disponível há mais de 20 anos, o aperfeiçoamento e aprimoramento desta tecnologia foi intensificada a partir dos anos 2000. Este sistema, também conhecido como fluxo digital, facilita a prática clínica, reduzindo alguns passos e simplificando procedimentos laboratoriais. Dessa forma, o procedimento se torna mais conveniente tanto para o dentista quanto para o paciente, pela possibilidade de se realizar múltiplos escaneamentos e analisar a imagem em tempo real, além de evitar algumas situações desagradáveis que podem acontecer com os pacientes em moldagens convencionais, como: risco de sufocar e engasgar, ânsia de vômito e gostos desagradáveis.

O CAI/CAD/CAM é um sistema que possibilita a obtenção de restaurações, pilares personalizados e modelos odontológicos de maneira digital que tem conquistado cada vez mais o seu espaço dentro das diversas áreas da Odontologia, dentre elas, a Odontologia restauradora.

Para obter restaurações, modelos ou próteses extensas, tipo reabilitações totais, confeccionadas por meio dessa tecnologia são necessárias três etapas. A primeira etapa é a aquisição de dados, realizada por meio do escaneamento diretamente na boca do paciente. A segunda etapa é o processamento dos dados, realizado por meio de um software, no qual um projeto virtual da estrutura é obtido. Essa etapa consiste no desenho e planejamento do trabalho no software do computador. As duas primeiras etapas (aquisição e processamento dos dados) constituem o CAD. A manufatura constitui a terceira etapa, denominada CAM. A partir do projeto executado, os dados são enviados para impressora que executará o processo de manufatura da estrutura.

A técnica de escaneamento digital intraoral tem sido relatada como uma técnica mais rápida e conveniente pela perspectiva do paciente e do cirurgião-dentista. As moldagens digitais são tão precisas ou superiores às moldagens tradicionais com elastômeros de acordo com a literatura.

A utilização da técnica intraoral realizada diretamente na cavidade oral permite um menor tempo para aquisição do modelo, porém possui algumas limitações da técnica. A saliva e o movimento dos tecidos moles, associados à presença de restaurações metálicas e reflexivas, podem levar à alteração do padrão de varredura para tentar capturar superfícies perdidas. Essas dificuldades mencionadas podem ser minimizadas fazendo a pulverização de pó́ na superfície. Entretanto, essa camada aplicada, conforme a espessura, pode alterar o contorno do dente.

Os scanners possuem diferentes formas de captura de dados, sendo a triangulação ativa, captura através de feixes de luz, e a imagem confocal, na qual é baseada em laser vermelho, utilizadas para confecção da malha.

Em relação a estratégia de digitalização de cada scanner, embora os fabricantes recomendem um padrão específico de varredura, os clínicos passam por uma curva de aprendizado com determinado aparelho, ganhando experiência de acordo com cada caso e situação clínica aparente. Contudo, diferentes padrões de varredura podem ser criados com diferentes estratégias de varredura.

Um escaneamento fornece pontos nos quais a ligação de três pontos fornece um triângulo geométrico, que tem como objetivo representar a superfície escaneada em três dimensões. A maior quantidade de pontos gera um aumento no número de dados coletados e, assim, gerando menor erro e maior qualidade da imagem. Devemos seguir a técnica (estratégia) recomendada pelo fabricante, na qual possui menor alteração do padrão final do modelo digitalizado, principalmente entre os scanners intraorais.

O CAI também elimina os materiais e equipamentos necessários para o método convencional, como moldeiras abertas, materiais de impressão de silicone, coifas de impressão e análogos de implantes. Portanto, as moldagens digitais beneficiam mais o tratamento com implantes do que o tratamento para dentes naturais em termos de eficiência de tempo e economia de recursos.

As próteses implantossuportadas parafusadas não podem compensar as discrepâncias dimensionais porque o efeito tampão fornecido pelo ligamento periodontal não pode ser esperado e o espaço de cimento disponível nas próteses cimentadas não está presente. Portanto, as próteses implantossuportadas aparafusadas requerem um maior grau de precisão para garantir a estabilidade a longo prazo. Vários estudos propuseram limites clinicamente aceitáveis ​​de desajuste em próteses sobre implantes e sugeriram limites de 25 μm para uma ponte de três unidades, 50 μm para uma prótese fixa de quatro a nove unidades e 50-100 μm para uma prótese de implante de arco completo, enquanto um desajuste de mais de 100 μm para qualquer tipo de prótese sobre implante foi considerado inaceitável.

Ao contrário do método convencional, no qual as mudanças dimensionais dos materiais de moldagem e gesso podem causar distorções, as moldagens digitais são teoricamente livres dessas distorções porque os IOS capturam diretamente a arquitetura intraoral, convertendo-a em dados digitais usando um software. De fato, muitos estudos relataram que a precisão das impressões digitais de implantes para casos com um ou poucos dentes ausentes é igual ou superior à dos métodos convencionais.

Em contraste, também foi relatado que a precisão das impressões digitais de implantes em casos completamente edêntulos é inferior à das técnicas convencionais ou é clinicamente insatisfatória, desde que não utilize um acessório para identificar a mucosa.

Isso pode ser atribuído ao processo único dos IOS de construir imagens tridimensionais (3D). Os IOS (scanners intraorais) constroem imagens intraorais consecutivamente, juntando pequenos pedaços das imagens capturadas. Consequentemente, quanto mais ampla a imagem capturada pelo IOS, maiores os erros acumulados da fusão das imagens (malha).

Além disso, um maior grau de erro é antecipado para moldagens de implantes colocados em um vasto espaço edêntulo do que para aqueles colocados em espaços parcialmente edêntulos. Isso pode ser atribuído à dificuldade morfológica causada pela mucosa edêntula plana e pelos corpos de escaneamentos com ângulos vivos e retos em algumas porções. Vários autores relataram uma melhora na precisão das impressões digitais ao colocar uma projeção na mucosa edêntula. Um estudo in vitro de Mizumoto et al., investigou técnicas de escaneamento modificadas, incluindo modificação da superfície da mucosa usando esferas de vidro ou pasta indicadora de pressão e técnica de escaneamento corporal usando fio dental.

Assim, conectar os corpos de escaneamento com um dispositivo auxiliar de morfologia complexa e incluí-los em moldagens digitais pode reduzir o erro causado pela mucosa edêntula plana, de forma a melhorar a precisão das moldagens digitais em casos com espaço edêntulo estendido para quatro implantes em uma maxila edêntula, e não há diferença na precisão das impressões digitais e convencionais.

Os resultados mostraram que a precisão da impressão digital foi melhorada pelo dispositivo auxiliar.

Na literatura relacionam a utilização de dispositivos auxiliares (pontos de referência) unindo os transferentes digitais entre eles ou sobre a mucosa, tentando minimizar os erros causados ​​pela fusão da imagem, que é mais provável de ocorrer na crista edêntula plana em comparação com a crista dentada com topografia complexa.

A principal causa de erro em casos de implantes edêntulos é o longo comprimento de varredura em forma de ferradura entre ambas as extremidades.

Para elucidar esta questão de escaneamento de arco extenso ou de arco total, selecionamos um caso no qual foi utilizado, sobre um arco mandibular, sete transferentes digitais de mini cônico para confecção de protocolo cerâmico, que foram unidos com elástico contínuo de Ortodontia (dispositivo auxiliar) para facilitar a fusão e a captura das imagens.

O CAI intraoral gerou uma malha de melhor precisão e um arquivo STL, o qual foi utilizado para o fluxo e biblioteca do Exocad para a confecção de prótese dentogengival de porcelana.

REFERÊNCIAS

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